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GESTOR — Uma missão arriscada?

Atualizado: 11 de jan. de 2019

Ser gestor é exercer uma arte que também envolve riscos. Arte de pensar, tomar decisões e, essencialmente, agir. É o fazer acontecer para obter resultados satisfatórios para a organização, através de uma constante interação com as pessoas.


Na atualidade das organizações a função do gestor continua sendo percebida como uma atividade racional, passível de controle e uniformização. No entanto, a realidade dos tempos atuais, exige do gestor visão e determinação de que, nem sempre, precisará enfrentar situações lógicas e controláveis. Precisará, sim, sentir-se como parte do processo decisório, ser um planejador além dos sistemas já configurados, participar da execução de múltiplas tarefas, por estar inserido num contexto organizacional ilógico e multifacetado.


A situação pode parecer assustadora mas representa a descrição de uma realidade muito comum e da qual o gestor não pode fugir. Experiência profissional e de vida bem como a abertura constante para novos aprendizados, podem ser bons aliados do gestor, ampliando sua capacidade de negociação na multiplicidade de interesses e demandas do seu dia a dia, incluindo a ambiguidade e diversidade dos fatores ambientais, destacadamente os fatores humanos.


Os conceitos tradicionais sobre fatores como bom senso, poder e autoridade, decisão qualificada e domínio de processos sistematizados, passam por transformações pontuais e significativas. São exigidas do gestor na atualidade, habilidades modernas na tomada de decisão, principalmente a inovação, além da visão de inúmeras outras variáveis emergentes no caminho de processos já conhecidos.



Alguns desafios para o gestor: 1. Dedicar tempo para reflexão sobre o futuro e os riscos permanentes no exercício da liderança. 2. Planejar bem para fugir das “urgências” que o levam a atuar no estilo “bombeiro”: sempre apagando incêndio. 3. Focar atenção às estratégias demandadas na hierarquia organizacional (tanto vindas de “cima”, de “baixo” e das “laterais”). 4. Perceber que clientes, tanto externos como internos, exigem priorização no atendimento. Isto pode e deve ser da alçada direta do gestor ou através da equipe devidamente preparada para tal? 5. Ter clareza de que inúmeras reuniões são mesmo desnecessárias e sua presença nem sempre é imprescindível. Muitos assuntos podem ser resolvidos através de outros meios, estratégias mais ágeis e objetivadas, bem como assumidos pó outros integrantes da equipe.


E quando todo o preparo do gestor e o seu nível de experiência estão aquém dos riscos assumidos? Que tipos de riscos? Previsíveis? Incertos? Calculados? Emergentes e improváveis? UFFFFAAAAA.


Riscos existem – alguns até estimuladores. Fazem parte da função do gestor. Um deles é o estresse negativo. Aliviá-lo passa a ser um forte desafio. Cuidar da alimentação (tipos, horários, quantidades) ingerindo apenas o que seja saudável numa atenta rotina. Cuidar do sono e dos demais fatores que garantam saúde física e mental. Arrisca-se mais ainda quem negligencia seus afetos. Cuidar do emocional é outro desafio diante dos percalços enfrentados na função como gestor.


Família é prioridade. Conciliar a devida atenção a cada face da própria vida é um enorme, necessário e prioritário desafio. Remete à busca de equilíbrio numa balança com vários pratos. Implica em estar presente e participativo nos diversos palcos da vida no devido horário e no tempo necessário. Quando está trabalhando ali está sua atenção, quando brinca com o filho se dedica a isso, por inteiro. Excepcionalidades podem existir e receberem a atenção na medida adequada, eis outro desafio.


Ao escolher ser gestor o profissional precisa perceber os riscos como uma contrapartida à ascensão funcional, melhoria de salário, ampliação e visibilidade de poder e destaque social. São inúmeros benefícios percebidos que, às vezes, escondem a outra faceta, a dos riscos. Aqui entra a determinação em enfrentá-los e até provocá-los. Riscos existem, sim. Exigem atenção. Precisam ser calculados para o enfrentamento e identificados os pontos de busca de ajuda e compartilhamento, na ampliação de habilidades e técnicas para serem administrados.


Amizade pessoal, confiança e ética. Estes valores fundamentam o bem estar e o sossego do gestor, quando devidamente vivenciados e administrados. Burla à legislação, protecionismo a um “especial amigo” e o famoso “jeitinho” são alguns dos escorregões que custam muito caro ao gestor e a quem está por perto nas suas relações pessoais e profissionais. Nenhum deslize fica impune por muito tempo. Organizações atuantes no mercado, sejam públicas ou privadas, em qualquer segmento e não somente nas áreas financeiras e patrimoniais, exigem de seus gestores conduta ilibada. Encontrar saídas éticas, inovadoras e confiáveis, para atender necessidades dos Clientes, podem demandar muito esforço, mas representam uma das facetas para as quais o gestor escolheu ser gestor. Aprender a respirar fundo e manter-se em disposição a novos aprendizados, já é um bom começo.



Célia Leite Lamas

Especialista em Gestão de Pessoas e

Desenvolvimento Organizacional

2016


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